sábado, abril 18, 2009

Tudo dito, nada feito, fito e deito

um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegasse atrasado
andasse mais adiante
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha
ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra sofrer,
vai ser minha última obra


.
.
.


Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida
se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.


Paulo Leminski.

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