sexta-feira, setembro 12, 2008

Primeiro: A essência ou A existência

Ali estou! Consumida pelo meu pensamento andarilho e longo, distraído com o mundo, menos pela vontade de ir para casa.
Fui surpreendida pelo o olhar surpreso, achado, de mãos dadas.

- Como vai a srta? Sumiu... - Sorriso caricato [de mãos dadas]. Olhar ainda surpreso.
- Estou bem e bem ocupada, por isso sumida. - Sorriso frio [reciproco]. Olhar observador.

Conversas superficiais. Esperando ir para casa. Mãos dadas. Mãos livres. Mãos acanhadas.
Aqui estamos. sentados em fila indiana.
Suas mãos agora estão livres.
Ele me cutuca.

- Não leia. Você vai dilatar a pupila.

Eu viro e o reconheço!

- Besteira. Que se dilatem por tanta satisfação. Leia isto e me diz se não concordas.

"... O tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim; é um pomo exótico que não pode ser repartido, podendo prover igualmente a todo mundo;..."

- É... tem bom gosto. Da ultima vez que te vi você lia paradidático.

Rimos.

Que saudade eu estava daquele sorriso que entende minha fragilidade me fazendo está forte.
Conversamos da fé de Agilulfo Emo Bertrandino dos Guildiverni à fé das nossas olheiras nos rostos fadigados, porém felizes, dos ideais políticos que deixei de lado e os quais, hoje ele exerce, porém desacreditado, por tanta hipocrisia moralista que foi lhe apresentado.

Sentados em minha sala, bebendo um copo d' água. Ele lê uma frase de Sartre na capa do livro de Buk.

- Adoro Sartre. " O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós." Essa frase é o que tento ser. Nunca somos nada, Nada é para sempre. Nunca, nada, sempre. Palavras que usamos para definir um ser. Erradamente. Eu nunca farei aquilo, Isso é para sempre. Palavras que oscilam a cada situação. Conclusão: não sou e sim estou...


Ele entendeu essas palavras desabadas por existência confusa como entende o ruído do silêncio.
Apreciamos o silêncio.
Eu o presenteei com um livro, não mais com White Horse.

Ele me abraçou com a sua alma. Acompanhou a curva da rua. E se perdeu dos meus olhos.

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